Sempre que nos mudamos para uma nova cidade, num novo país, inicíam-se uma série de processos que conduzem à tão desejada adaptação. Primeiro desempacotamos a mudança, acomodamo-la à nova casa, montamos móveis, penduramos quadros e candeeiros, tornando-a nossa. Em paralelo começa a nova escola, a nova posição na empresa, a criação de novas rotinas, ainda que semelhantes às anteriores, mas com contornos decorrentes da nova realidade. Quando toda esta máquina já está em funcionamento, podemos dar atenção a actividades extra-curriculares, encontros com amigos e amigas, idas ao cinema, enfim viver a nova vida.
É nesta fase que nos encontramos neste regresso a Basileia. As manas nas equipas de ténis e natação da escola e inscritas em aulas das mesmas modalidades fora da escola. A C com aulas de percussão, festa de anos de colega com direito a dormida em casa da aniversariante. A M a desfrutar dos momentos de brincadeira com os colegas depois da escola acabar. O F feliz com os seus colegas e professoras. Jantaradas e encontros com amigos portugueses que aqui deixámos e de quem voltámos a estar mais perto. Novos amigos recém chegados. Um sentimento de pertença a uma comunidade. Penso que este é um dos aspectos mais positivos deste regresso, pois é muito bom estarmos rodeados por gente da nossa, vermos os nossos filhos a brincar em português, não sermos a única família portuguesa da escola.
O meu dia-a-dia também se tem revestido de adaptações e regressos. Voltei a fazer parte activa da Associação de Pais, voluntariei-me para ser uma das mães que ajudam a organizar as celebrações e efemérides na turma da M e do F. Tenho assistido a inúmeras reuniões e workshops na escola. Voltei a dedicar tempo a uma tarefa doméstica que nos últimos seis anos delegara nas preciosas senhoras que me ajudavam em casa: engomar roupa. Quando penso nestas alterações, adaptações e regressos, não posso deixar de reconhecer a sorte que tenho em poder fazer coisas que me dão prazer. Adoro estar tão envolvida na vida escolar dos meus filhos, ter a possibilidade de os acompanhar nas visitas de estudo, ir à sala de aula ler uma história, falar de uma tradição, cozinhar, organizar as celebrações do Halloween, do Natal entre outras. Vê-los a brincar no parque infantil, no final de um dia de aulas, ver a C chegar a casa sozinha, com o ar triunfante de quem começa a conquistar o seu mundo. Até quando estou a passar a ferro (apesar de ser bem aborrecido), talvez por ser uma actividade repetitiva e sem muitas exigências cognitivas, dou comigo a reflectir, a organizar ideias, a planear, acabando por aproveitar duplamente tempo, porque a roupa fica engomada e as ideias mais claras. Há sempre um lado positivo ou uma oportunidade de aprendizagem nas diferentes actividades a que nos dedicamos. Já desconfiava disto há bastante tempo e a vida tem arranjado forma de o comprovar.
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