No próximo Domingo, 28 de Novembro, o Equador vai literalmente parar entre as sete da manhã e as cinco da tarde, para que seja feito o censo da população. Entre as referidas horas, com excepção dos alunos e professores que farão as entrevistas casa a casa, ninguém poderá abandonar o seu domicílio, a não ser que tenha um salvo conduto e estes estão a ser atribuídos apenas a trabalhadores da área da saude ou outras situações especiais.
Na rádio, de manhã, não falam de outra coisa, inclusivamente a emissão é a mesma em todas as estações, um espaço de perguntas feitas pela população por via telefónica e respondidas em directo pelo responsável nacional do Instituto Nacional de Estatística, ou qualquer coisa assim.
Ao que parece, para além da informação relativa ao número de pessoas que habitam cada domicílio, bem como as respectivas idades, é necessário informar se temos água potável, luz eléctrica, acesso à internet, máquina de lavar, secar, quantos quartos tem a casa, desses os que são utilizados para dormir, quantas lâmpadas existem na habitação e dessas quantas são de baixo consumo. Enfim... várias questões com vista a avaliar não só o número de habitantes, mas também as condições em que vivem.
Como sempre, neste tipo de situações, fazem-se as perguntas mais disparatadas que se possa imaginar, muitas vezes por desconhecimento. Apesar de ser um inquérito confidencial, no sentido em que não é referida qualquer espécie de identificação pessoal, algumas pessoas parecem receosas, pois colocam questões do género:
"Se eu disser que tenho máquina de lavar e secar, cortam-me o subsídio?"; "Se eu referir que tenho um terreno, tenho de o partilhar?"; "Se a minha casa tiver vários quartos disponíveis, tenho de a dividir com outros?"
As respostas dadas são muito tranquilas e tranquilizadoras, por isso, das duas uma, ou eu sou muito crédula e para mim um censo é algo perfeitamente natural, sem segundas intenções; ou então sou completamente ingénua e não vejo o impacto que a informação disponibilizada poderá ter na vida das pessoas, pois há sempre formas de contornar o critério da confidencialidade .
Prefiro continuar a acreditar na minha visão ocidental! Contudo, não posso deixar de achar estranho esta espécie de prisão domiciliária a que vamos estar sujeitos no próximo Domingo.