Apesar de estarmos a meio de Fevereiro, não posso deixar de registar um acontecimnto marcante no meu mês de Janeiro.
Como é habitual, regressei das férias de Natal com alguns livros novos na mala. Poucos dias depois comecei a ler Recomeçar, de Maria Dueñas. Um livro que me fez viajar no tempo até ao meu primeiro ano de faculdade, à cadeira de Metodologia do Trabalho Científico. Lemos alguns short stories e um livro fantástico, Possession, sobre a investigação do espólio dos autores e sobre tudo o que se descobre e o que deve ou não ser divulgado. No livro de Maria Dueñas, uma professora universitária dos nossos dias vê a sua vida estável desmoronar por causa de um divórcio completamente inesperado. Decide fugir, aceitando organizar o espólio de um professor universitário, doado à sua alma mater após a sua morte, numa universidade noutro país. Recomeçar atravessa fronteiras e épocas, fala-nos de perdas, coragem, segundas oportunidades e a vontade de reconstruír, recomeçar. Gostei das intrigas imprevistas, dos amores entrecruzados e inesperados e das personagens cheias de paixão e humanidade. Obrigada C e N pelo presente!
Entusiasmada com este primero livro, comecei a ler A Montanha Entre Nós, de Charles Martin. Fui lendo página atrás de página desta história de amor e sobrevivência. Acompanhei as duas personagens na sua luta para atravessar uma zona montanhosa, de difícil acesso, longe de tudo e coberta de neve, num rigoroso Inverno. Tiveram de percorrer cerca de 100 km sob condições terríveis, depois de o avião em que seguiam se ter despenhado e de uma delas ter ficado gravemente ferida. Para além da luta com o meio envolvente, tiveram de reunir toda a coragem e resiliência que possuíam para não desistir. A viagem foi duríssima, mas a viagem interior às vidas que deixaram em suspenso, ao seu passado, também. Gostei do final inesperado que, apesar de triste, abre para um recomeço e uma nova oportunidade no amor. Obrigada I e N pela escolha acertada!
Embalada com estas leituras, peguei num livro que comprara na escola das manas. Comecei a lê-lo à meia noite e não consegui parar até às quatro da manhã. Sarah's Key, de Tatiana de Rosnay, foi talvez o livro mais duro e sofrido que li até hoje. Cruzam-se duas histórias, a de uma jornalista americana, Julia Jarmond,casada com um francês e a viver em Paris, encarregue de fazer a cobertura do sexagésimo aniversário da grande concentração de dezenas de milhares de judeus num estádio, onde ficaram presos alguns dias antes de serem levados para campos de concentração em França e depois enviados para Auschwitz para morrer. E a história de Sarah Starzynski, uma menina judia de dez anos, que foi brutalmente arrancada de casa com os seus pais, pela polícia do governo colaboracionista francês. Michel, o irmão de quatro anos de Sarah, esconde-se dentro de um armário e ela, acreditando que em poucas horas estará de volta, tranca-o lá dentro e guarda a chave. Ao aprofundar a sua investigação, Julia constata que o apartamento para onde ela e o marido se vão mudar pertencera aos Starzynski, a família de Sarah, que fora desapossada pelo governo francês e comprada pelos avós do marido da jornalista. Ela resolve descobrir o destino dos ocupantes anteriores e assim é revelada a história de Sarah, a única dos Starzynski a sobreviver. Julia retraça a sofrida jornada de Sarah em busca de liberdade e sobrevivência, dos terríveis dias passados num campo de concentração, dos tensos momentos na clandestinidade e o seu paradeiro após a guerra. À medida qe a história de Sarah vai sendo revelada, muitos segredos são desenterrados. Esta história tocou-me muito, transtornou-me até. Chorei compulsivamente em muitos momentos, sofri com o desespero de Sarah e dos seus pais quando se deram conta que não íam poder voltar e o irmão/filho ficara trancado no armário, sofri com as descrições horrendas dos milhares de judeus amontoados no estádio e no campo de concentração, sofri com a separação das crianças judias dos seus pais e deixadas à sua sorte no campo de concentração, acompanhei-a na sua fuga, torcendo para que tudo corresse bem, acreditei que tudo iría melhorar quando uma família a ajudou e protegeu, fiquei sem chão quando após três semans regressa finalmente a sua casa e a encontra já ocupada por outra família e no armário encontra o seu irmão morto, compreendi a sua falta de vontade de viver desde então. A história de Sarah continua a desenrolar-se e os segredos revelados são surpreendentes. Somos tocados não só pela história, mas também pelas palavras, pelas descrições. Impressionou-me tanto que falei deste livro a diversas pessoas, contei-o ao P lavada em lágrimas, vi o filme baseado no livro, revi trailers de vários filmes sobre o Holocausto e ainda não tive coragem de começar um novo livro. Ainda estou a fazer o luto.
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