As férias de Outono terminaram, mas o Outono pelo contrário, está em pleno. Perto de nossa casa há muitos espaços verdes, cheios de caminhos pedestres, caminhos para ciclistas, às vezes pelo meio da floresta, outras vezes ao longo do rio Birs, por vezes atravessando grandes clareiras. Lentamente as árvores vão-se despindo e há milhares de folhas no chão. A palete de cores é agora mais variada, passou de um verde cheio de vida, para um amarelo, castanho, vermelho outonal em jeito de despedida. Não é um adeus, é um até já. A natureza prepara-se para o descanso do Inverno, para reunir forças e rebentar de vida e energia na próxima Primavera. Hoje, enquanto caminhava por estes caminhos, viajei até Portugal, até às incontáveis e inacreditaveis imagens de devastação, desolação e perda que mais uma vez encheram as nossas televisões, jornais e revistas. Como vai ser a próxima Primavera? Em vez do verde renascido, teremos a devastação, hectáres e hectáres de floresta assassinada. A gente que tudo perdeu vai começar de novo, resignada, muitas vezes calando a sua dor, porque é difícil. É muito difícil olhar para casas destruídas, animais que não conseguimos salvar, o que era e já não é e o pior de tudo despedirmo-nos dos que perdemos às mãos de um fogo impiedoso. Neste Outono, em muitas famílias portuguesas, em muitas aldeias e lugares portugueses não haverá um até já, mas sim um adeus. É difícil. Muito difícil.
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