segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Prazeres

O grande Fernado Pessoa no seu poema Liberdade exclamava "Ai que prazer/(...) Ter um livro para ler/ e não o fazer!". Em algumas fases da minha vida senti exactamente o mesmo, mas neste momento, retiraria o último verso e apropriando-me das suas palavras diria:"Ai que prazer/ (...)Ter um livro para ler/"e podê-lo fazer!
Acabei de ler Caderneta de Cromos, do Nuno Markl, que foi uma barrigada de riso e por isso um grande prazer; e comecei a ler, num registo completamente diferente Comer, Orar, Amar, de Elizabeth Gilbert, que também está a ser um grande prazer.
O meu enamoramento por este livro começou há algum tempo atrás, quando assiti à entrevista feita por Oprah Winfrey à autora. Deixou-me curiosa e tentada a incluir a obra na minha lista de livros a comprar. Mas o tempo foi passando e nada.
Já aqui no Equador, vi num escaparate de uma livraria o referido livro, mas traduzido em Castelhano. Voltei a lembrar-me dele, mas não considerei comprá-lo na versão disponível. Entretanto o livro tornou-se num filme de grande sucesso, que eu tive a oportunidade de ver. Apesar de ter gostado do filme, continuei a achar que valeria a pena ler o livro e por isso incluí-o nos meus pedidos ao Pai Natal. E não é que as minhas preces foram ouvidas?! Recebi dois exemplares do livro, um na versão original em inglês e outro traduzido para português: não poderia ser melhor!
Comecei a lê-lo 6ª Feira à tarde e devorei literalmente a primeira parte dedicada ao prazer de comer, durante o fim de semana. Estou actualmente a apreciar a parte dedicada a orar e ansiosa pela última parte,dedicada a amar.
Não estando a passar de forma alguma por tudo o que fez a autora começar a viagem descrita no livro, quatro meses em Itália para se dedicar ao prazer de comer, quatro meses na Índia para orar e quatro meses em Bali, na Indonésia para amar, parece-me ser esta a grande viagem que todos fazemos, estes são três dos grandes prazeres da vida, comer, orar e amar.
Deleitar-nos nos prazeres da comida, apreciar cada ingrediente por si só ou no todo, agradecer da mesma forma um singelo peixe grelhado comido à beira mar ou o prato mais elaborado, servido num restaurante sofisticadíssimo. Para mim, é um grande prazer, como aliás se nota!
Orar, no sentido de nos descobrirmos a nós proprios, encontrarmos a nossa essência e compreendermos que a divindade reside em nós, também me parece uma grande viagem e um grande prazer.
Amar, e eu incluiría ser amado, consiste, para mim, no maior prazer de todos, é para isso que vivemos e é por isso que vivemos. Amar o P, as nossas filhas, os meus pais, a minha família, os meus amigos, é isso que mais me preenche e me realiza.
Apelo final: quem gostou do filme, leia o livro.
Nunca é possível encaixar em hora e meia ou duas horas de filme tudo o que um livro transmite, partilha, remete para, sobretudo nesta obra em que sentimos que estamos a ter uma longa conversa com uma amiga, que connosco partilha abertamente tudo o que experienciou nessa grande viagem de descoberta de prazer, paz e amor.

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