Há alguns dias atrás terminei de ler um livro que me encheu as medidas, não pelas suas graaannndes ambições literárias, mas pela evidência da admiração, paixão e deslumbramento do autor pelo seu país, falo de Pensageiro Frequente, de Mia Couto. A obra consiste num conjunto de breves "aguarelas das terras e das gentes de Moçambique", originalmente concebidas como artigos para a Índico, revista de bordo das Linhas Aéreas de Moçambique, destinados a um "passageiro que pretende vencer o tempo e, tantas vezes, o medo", isto nas palavras do autor.
De facto assim é, relatos de três, cinco páginas acerca de zonas do país e da sua beleza, costumes, crenças, modos de viver, sempre com a intensa vivência e perspectiva de Mia Couto. Adorei! Textos curtos, simples, mas, sem dúvida, peças literárias. A começar pelo título, onde se inventa a palavra "pensageiro", que alude para as palavras passageiro, pensador, talvez. Penso que foi isso que Mia Couto fez, pensou no seu país que tanto ama, e dele falou aos passageiros frequentes e menos frequentes também.
Com tudo isto, não consigo deixar de pensar na prometida viagem a terras moçambicanas que ainda estamos a dever ao amigo de longa data RR. Será que algum dia a faremos? Apetece-me cada vez mais.
Mia Couto fez-me relembrar outra autora que tanto admiro, Isabel Allende, e em particular a obra O Meu Pais Inventado. Desta feita o mote foi o amor pelo Chile e a nostalgia de quem está longe. Aqui temos as memórias, as experiências e a invenção ou reinvenção de um país de onde se está afastado física e temporalmente. Também está na minha pasta dos Favoritos.
O país onde nascemos ou crescemos (no meu caso) é sempre o lugar para onde queremos regressar, onde estão as nossas pessoas mais importantes, onde ficaram as primeiras experiências e referências e onde estão as nossas raízes. Amo muito Portugal!
Às vezes penso como a C e a M irão sentir-se em relação a tudo isto. A primeira nascida em terras lusas, mas tornada cidadã do mundo aos três anos; e a segunda nascida na perfeição helvética, mas a cruzar céus desde que tinha um mês e meio. Por enquanto sei que partilham o nosso amor e nostalgia por Portugal. Estão sempre prontas para mais uma viagem, para dar e receber toneladas de carinho, para ver o mar, brincar na praia, a viver mil aventuras com primos e amigos. A presença de todos os que do outro lado do mundo fazem parte da nossa vida é uma constante nas nossas conversas e planos. Curiosamente os amigos que deixámos em Basileia estão incluídos neste acervo, pois sabem que é em Portugal que vão poder reencontrá-los.
Fiquei com curiosidade com o Mia Couto e ainda estou assustada com a vossa foto da festa dos anos 70 ! Realmente esse sol... está a fazer-vos bem!
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