sábado, 23 de outubro de 2010

Países muito amados

Há alguns dias atrás terminei de ler um livro que me encheu as medidas, não pelas suas graaannndes ambições literárias, mas pela evidência da admiração, paixão e deslumbramento do autor pelo seu país, falo de Pensageiro Frequente, de Mia Couto. A obra consiste num conjunto de breves "aguarelas das terras e das gentes de Moçambique", originalmente concebidas como artigos para a Índico, revista de bordo das Linhas Aéreas de Moçambique, destinados a um "passageiro que pretende vencer o tempo e, tantas vezes, o medo", isto nas palavras do autor.

De facto assim é, relatos de três, cinco páginas acerca de zonas do país e da sua beleza, costumes, crenças, modos de viver, sempre com a intensa vivência e perspectiva de Mia Couto. Adorei! Textos curtos, simples, mas, sem dúvida, peças literárias. A começar pelo título, onde se inventa a palavra "pensageiro", que alude para as palavras passageiro, pensador, talvez. Penso que foi isso que Mia Couto fez, pensou no seu país que tanto ama, e dele falou aos passageiros frequentes e menos frequentes também.

Com tudo isto, não consigo deixar de pensar na prometida viagem a terras moçambicanas que ainda estamos a dever ao amigo de longa data RR. Será que algum dia a faremos? Apetece-me cada vez mais.

Mia Couto fez-me relembrar outra autora que tanto admiro, Isabel Allende, e em particular a obra O Meu Pais Inventado. Desta feita o mote foi o amor pelo Chile e a nostalgia de quem está longe. Aqui temos as memórias, as experiências e a invenção ou reinvenção de um país de onde se está afastado física e temporalmente. Também está na minha pasta dos Favoritos.
O país onde nascemos ou crescemos (no meu caso) é sempre o lugar para onde queremos regressar, onde estão as nossas pessoas mais importantes, onde ficaram as primeiras experiências e referências e onde estão as nossas raízes. Amo muito Portugal!
Às vezes penso como a C e a M irão sentir-se em relação a tudo isto. A primeira nascida em terras lusas, mas tornada cidadã do mundo aos três anos; e a segunda nascida na perfeição helvética, mas a cruzar céus desde que tinha um mês e meio. Por enquanto sei que partilham o nosso amor e nostalgia por Portugal. Estão sempre prontas para mais uma viagem, para dar e receber toneladas de carinho, para ver o mar, brincar na praia, a viver mil aventuras com primos e amigos. A presença de todos os que do outro lado do mundo fazem parte da nossa vida é uma constante nas nossas conversas e planos. Curiosamente os amigos que deixámos em Basileia estão incluídos neste acervo, pois sabem que é em Portugal que vão poder reencontrá-los.

1 comentário:

  1. Fiquei com curiosidade com o Mia Couto e ainda estou assustada com a vossa foto da festa dos anos 70 ! Realmente esse sol... está a fazer-vos bem!

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